quarta-feira, 10 de junho de 2009

10 de Junho!

Hoje é dia 10 de Junho, dia de Camões e das comunidades portuguesas. Este feriado nasceu na 1.ª República num processo de laicização do Estado que incluía a eliminação dos feriados religiosos. Para tal foi elaborado um diploma, poucos dias após o 10 de Outubro, que definia os feriados nacionais e dava a possibilidade de cada município escolher um dia para feriado municipal. Em Lisboa foi escolhido o dia 10 de Junho até para contundir com o dia de Santo António, a 13 de Junho.
É ainda descrito como dia de Camões uma vez que também neste dia se celebra o talento deste autor e sua influência na cultura portuguesa. Estima-se que tenha morrido a 10 de Junho de 1580, razão que justifica a escolha do dia para a homenagem.
Durante o Estado Novo este dia passou a ser comemorado a nível nacional sendo exaltado o espírito nacionalista e tornando-o uma comemoração colectivista histórica.
Depois de uma perspectiva histórica do que levou à criação deste feriado vou agora falar do que aconteceu hoje neste dia, o nosso Presidente da República proferiu um discurso de Esperança, com a mensagem que os portugueses não podem ter uma atitude conformista, mas sim conseguir enfrentar a situação e lutar por um amanhã melhor.
Transcrevo agora uma parte do discurso do nosso Presidente da República:
“As comemorações do 10 de Junho representam, antes de mais, uma manifestação de fé e confiança nas capacidades do povo português, tantas vezes demonstradas ao longo dos tempos.
Capacidade para resistir em momentos adversos e defender a integridade do território e a independência nacional, como a que demonstrou, por exemplo, Nuno Álvares Pereira, que a Igreja Católica ainda recentemente canonizou.
Capacidade para planificar com rigor e executar com determinação as ideias mais arrojadas, como a que demonstrou o Almirante Gago Coutinho, nascido há precisamente 140 anos, que realizou com Sacadura Cabral essa proeza extraordinária que foi a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.
Capacidade, ainda, para ir à aventura, arriscar e descobrir novas terras e novos mundos onde vencer, como a que podemos ver ainda hoje em tantos dos nossos emigrantes.
O exemplo destes e de tantos outros homens e mulheres, nossos compatriotas, sejam eles famosos ou simples anónimos, é um justificado motivo de orgulho.
Mas deve igualmente constituir um estímulo, uma prova de que somos capazes de vencer, mesmo perante os maiores desafios ou as piores adversidades.
Numa passagem das Viagens da minha terra, esse livro magnífico onde se retrata com tanta sensibilidade a região de Santarém, Almeida Garrett contempla o rio Tejo, lê alguns versos d’Os Lusíadas, e exclama com entusiasmo:
«sonhei que era português, que Portugal era outra vez Portugal!».Neste dia de Camões, mais do que sonhar, temos de acreditar que Portugal será outra vez Portugal, um Portugal melhor, o mesmo Portugal que tantas vezes se afirmou no decorrer da sua história.
Os exemplos que nos vêm do passado constituem, em primeiro lugar, uma responsabilidade para todos e para cada um de nós. Responsabilidade na solução dos problemas que temos pela frente. Responsabilidade na criação de um País melhor para os nossos filhos e para os nossos netos.
Não se trata de uma responsabilidade em abstracto. Trata-se de uma responsabilidade concreta, que se traduz, desde logo, na obrigação que temos de participar na vida pública.
Em tempos reconhecidamente difíceis como aqueles em que vivemos, não é aceitável que existam Portugueses que se considerem dispensados de dar o seu contributo, por mais pequeno que seja.
O alheamento não é uma forma adequada – nem, certamente, eficaz - de enfrentar os desafios e resolver as dificuldades. Pelo contrário, níveis de abstenção como aquele que se verificou nas eleições de domingo passado são um sintoma de desistência, de resignação, que só empobrecem a democracia.
Quando estão em causa questões que a todos dizem respeito, nenhum de nós se pode eximir das suas obrigações, sob pena de a gestão da coisa pública ficar sem esse escrutínio indispensável que é o voto popular.”
Este dia não deve servir apenas para exaltar as glórias do passado, mas sim para uma busca de um futuro melhor, tendo como alento os bons momentos que vividos no nosso país.
As comemorações do dia de Camões devem passar por mostrar a sua, assim como as dos novos talentos da poesia e literatura portuguesas a todos e mostrar às gerações mais novas aquilo que a cultura portuguesa tem de bom.
Afinal este dia é o dia de Camões um autor genial que merece ser lembrado, que tem como obra de referência “Os Lusíadas”, mas hoje para o recordarmos deixo aqui este soneto:
Com grandes esperanças já cantei,
Com que os deuses no Olimpo conquistara;
Depois vim a chorar porque cantara,
E agora choro já porque chorei.
Se cuido nas passadas que já dei,
Custa-me esta lembrança só tão cara,
Que a dor de ver as mágoas que passara,
Tenho por a mor mágoa que passei.
Pois logo, se está claro que um tormento
Dá causa que outro na alma se acrescente,
Já nunca posso ter contentamento.
Mas esta fantasia se me mente?
Oh ocioso e cego pensamento!
Ainda eu imagino em ser contente?

Que futuro do nosso país seja mais risonho que o momento que vivemos!

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